João Pessoa, 03 de junho de 2014 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O secretário da Casa Civil do Governo do Estado, Walter Aguiar, analisou, neste final de semana, o cenário político da Paraíba e disse que o desafio do governador Ricardo Coutinho (PSB) nas eleições estaduais de outubro será se apresentar como terceira via e disputar a o pleito contra as duas forças mais antigas e tradicionais – dotadas de consistência e raízes, no caso o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) e o ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego (PMDB).
Aguiar lembrou que para chegar ao poder Ricardo se aliou a uma dessas forças – o senador Cássio, mas ponderou que este ano terá a oportunidade de demonstrar se a Paraíba vai ter uma terceira força. “É um teste muito importante”, diz Aguiar, admitindo que, pela resistência conservadora, no primeiro mandato Ricardo enfrentou dificuldades, mas no segundo mandato terá a chance de se diferenciar de forma mais evidente.
Para o secretário, a pedra no caminho do governador atende pelo nome de “clientelismo”, o que, na leitura dele, ficou nítida na queda de braço com a Assembleia. “A política da Paraíba é muito clientelista, o governo de Ricardo acabou confrontando isso. O poder Legislativo da Paraíba está envenenando por essa tradição”, fundamenta.
O choque maior e inevitável, segundo Walter, se deu no instante em que a Paraíba fez uma mudança acentuada no Executivo elegendo um governador forjado nas lutas sociais, mas manteve a lógica tradicional no Legislativo, instância em que ele admite situação extremamente adversa, embora defensa o diálogo exaustivo.
O ex-petista vê no governador “a condição única de poder encampar a proposta do fim do clientelismo e da política das famílias, um traço histórico de nossa tradição que emperra políticas públicas e puxa pra baixo o nível da nossa representação”.
“Nossa representação na Câmara é o retrato da política da Paraíba. É o filho de cicrano, é a mãe de fulano. E isso não vai mudar”, lamenta Walter.
“70% da representação depende do pai, do tio, do avô e do filho. Contra esse tipo de coisa que a candidatura de Ricardo vai pegar. É uma alternativa mais democrática e conseqüente”, acrescentou.
Questionado por criticar as “forças ditas tradicionais”, já que o PSB mantém a alianças com o DEM e outras siglas do enquadradas no conceito, Aguiar admite que, “como em 2010, bloco socialista também atraiu outras forças mais conservadoras”. “Na política, não se muda do dia pro outro, é uma mudança paulatina de mentalidade. Mesmo sob essa liderança, não é possível fazer só uma frente popular de esquerda”, afirmou.
As declarações de Aguiar foram publicadas na coluna do jornalista Heron Cid, na edição desta segunda-feira (02) do jornal Correio da Paraíba.
MaisPB
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